A nova aposta é inovar na prevenção da gravidez e colocar os homens na jogada
Por Ana Carolina Cury / Foto: Fotolia
Segundo o chefe da pesquisa, Sab Ventura, a pílula provavelmente terá que ser ingerida diariamente. Se, após tomar os anticoncepcionais, um homem quiser ter filhos, terá apenas que deixar de ingeri-los. O medicamento deve ser comercializado nos próximos 10 anos.
A opinião do especialista
Há muito tempo vem se estudando uma forma de produzir uma pílula contraceptiva para homens. De acordo com o urologista Leonardo Lima Borges, neste estudo recente, amplamente divulgado pela mídia, os testes feitos em camundongos comprovaram que eles voltaram a ser férteis após a interrupção do medicamento, o que mais animou os pesquisadores. “A ideia é evitar que os espermatozoides cheguem até o útero para a fecundação, e é em inibir a saída destes na hora da ejaculação que este grupo australiano concentra suas pesquisas. Ainda sem estudos em seres humanos, esta pílula foi testada em camundongos e mostrou-se efetiva, não houve gestação em nenhum caso, reforçando a ideia de que o esperma não continha espermatozoides”, conta o urologista.
Segundo ele, ainda sem pílulas masculinas liberadas para uso comercial, o homem pode se valer do uso de preservativos e da vasectomia para evitar a gravidez. O urologista explica que “a vasectomia é um procedimento pouco invasivo e com ótima recuperação, onde o ducto deferente (canal que transporta os espermatozoides) é seccionado, criando uma barreira mecânica para sua liberação. “Vale lembrar que, embora seja um método reversível através de uma nova cirurgia, a vasectomia deve ser encarada como uma decisão definitiva e o casal tem que estar ciente disso, caso contrário um número exagerado de cirurgias desnecessárias seria realizado”, ressalta o especialista.
A pílula serve somente para evitar a gravidez e não protege contra as doenças sexualmente transmissíveis (DST). Portanto, “o homem não pode esquecer-se do uso de preservativo”, lembra o urologista. “A pílula serviria para casais que mantém relacionamento estável e que querem evitar filhos”, reforça.
O que os homens pensam disso
Se a formulação de uma pílula contraceptiva masculina se tornar realidade, será que os homens a tomarão?
Estudos indicam que “sim”. Segundo uma pesquisa feita pela Fundação da Família Kaiser, 2/3 dos homens norte-americanos estariam dispostos a experimentar a nova pílula e 75% das mulheres disseram que confiariam em seus parceiros para administrar o contraceptivo.
Uma solução para elas
Antigamente, as mulheres usavam métodos de prevenção alternativos, como por exemplo, comer algodão, frutas, ingerir ervas etc, mas a ineficácia destes métodos era grande, além de prejudicar a saúde.
Com o passar dos anos, mais precisamente em 1960, elas se libertaram de conceitos antigos e viveram uma verdadeira revolução no quesito hormonal: foi lançado nos Estados Unidos o primeiro contraceptivo oral.
Desde então, os laboratórios continuaram pesquisando e criaram a míni e a micropílula (com dosagens hormonais menores), o adesivo e o implante com hormônios.
As pílulas modernas têm uma quantidade muito menor de hormônio que as antigas. Estudos já comprovaram que o uso prolongado do anticoncepcional oral, além de não causar infertilidade, diminui o risco de tumores de ovário, do endométrio e colorretal, mas alguns desconfortos ainda podem ocorrer, como náuseas e enxaquecas. Além disso, muitas mulheres não podem usar estes métodos, seja por um problema de saúde ou dificuldades de adaptação.
A decisão de evitar um filho
Hoje os casais têm, em média, menos filhos que antigamente. A chamada taxa de fecundidade (número médio de filhos por mulher) feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) caiu de 6,28, em 1960, para 2,39, em 2000, e, agora, está em 1,77.
Quando um casal opta por não ter um bebê, seja em um dado momento ou por toda uma vida, ela e ele chegam a essa conclusão juntos, por meio do diálogo e entendimento mútuo.

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