A Bahia tem ao menos 79% dos municípios em situação fiscal classificada como difícil ou crítica pelo IFGF 2013 (Índice Firjan de Gestão Fiscal). Das 361 prefeituras analisadas (do total de 417) , 330 tiveram as gestões de recursos classificadas nos níveis C e D, os mais baixos, nos exercícios fiscais de 2011.

E o número pode ser ainda maior, uma vez que 56 prefeituras não apresentaram os dados à Secretaria do Tesouro Nacional (STN) até o último mês de junho.
Os principais problemas foram relacionados ao elevado comprometimento do orçamento com gastos de pessoal, dificuldades para administrar despesas de anos anteriores e um baixo índice de investimentos.
Todos os 10 municípios que receberam as notas mais baixas tiveram nota zero na avaliação da disponibilidade de caixa, metade infringiu a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e apresentaram níveis de investimentos abaixo.
Os investimentos elevados foram o principal fator em comum entre as prefeituras baianas que se destacaram positivamente.
“O IFGF joga luz numa questão muito interessante em relação à administração pública, que é a gestão. Existem municípios que conseguem apresentar bons níveis de gestão mesmo com poucos recursos”, acredita o especialista em desenvolvimento econômico da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Jonathas Goulart.
Segundo ele, o IFGF aponta uma concentração de problemas de planejamento em prefeituras da região Nordeste.
“Não necessariamente uma boa gestão vai garantir o desenvolvimento socioeconômico. Isto se relaciona também com outros fatores, porém uma gestão ruim vai inviabilizar o desenvolvimento, ainda que os outros fatores, como recursos, estejam presentes”, diz Goulart.
O pesquisador acredita que o Brasil precisa rediscutir o pacto federativo. “Está muito claro que o modelo atual estimula os municípios à inércia. Basta ter população e emancipar uma área, sem necessidade de arrecadar para ter acesso aos recursos”, diz.
Perfil dos prefeitos
Para a presidente da União do Municípios da Bahia, Maria Quitéria Mendes, um grande desafio está no perfil mais político que técnico dos administradores públicos.
“As regras são boas, é importante ter o controle, mas para as coisas funcionarem bem é preciso que se tenha um perfil mais técnico dos gestores públicos. Infelizmente, nós temos casos de gestores deploráveis”, reconhece a dirigente.
Apesar de defender uma mudança de perfil como fundamental, Quitéria ressalta também que há problemas graves na estrutura das prefeituras. “Nós, prefeitos, somos cada vez mais cobrados e temos que dar conta de sistemas cada vez mais elaborados em cidades em que muitas vezes o acesso à internet é complicado”, diz.
Uma das limitações a que os gestores são obrigados a conviver está relacionada à contratação de pessoal.
“Temos a necessidade de contratar bons técnicos, mas a realidade orçamentária impede a contratação, então a solução acaba sendo tentar formar nos quadros do município mesmo estes técnicos. Uma cidade como Camaçari pode oferecer salários mais elevados, mas esta não é a realidade”, diz Quitéria.

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